16 maio, 2014

Arctic Monkeys - AM (2013)

Nota: 4.8/10



Eduardo Kapp







Sim, também foi um choque quando eu vi minha vó com a camiseta do AM. “Muito bom esse disco, acho que tu vai gostar” dizia ela empolgada.

Desde o lançamento ocupando a posição nº 1 em vários charts ao redor do mundo, o AM é o álbum definitivo dos Arctic Monkeys no quesito comercial. Com suas jaquetas de couro, suas mulheres nuas e suas motos possantes, o álbum te leva pra um lugar caro cheio de pessoas bonitas com semblantes ~misteriosos~. Não, não to falando de Queens of The Stone Age.

Mas antes de entrar em detalhes, façamos um breve retorno às terras de “2006”, em pleno lançamento do já-clássico-moderno “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not”. Lá estavam eles, cabelo ensebado, uma certa insegurança no palco e as frenéticas batidas do agora muito conhecido Helders. Com suas letras esperançosas além do limite, as ácidas críticas a certos tipos de pessoas que frequentam as noites em clubes e as bandas que são um tanto quanto posers com fãs ainda mais posers e tentam soar como americanas, o álbum trouxe algo novo e trabalhava de forma muito interessante com algumas influências mod e garage-rock, se tornando um enorme sucesso de vendas.

Bom, então sim, é exatamente isso que você está pensando. Sim. Eles se tornaram seus próprios inimigos. You’re not from New York City you’re from Rothram, so get off the bandwagon and put down the handbook”, já era amplificado pelos microfones no álbum de 2006. So, what happened?

Nas palavras do próprio Turner, sobre o “AM”, durante uma entrevista: "[sounds] like a Dr Dre beat, but we've given it an Ike Turner bowl-cut and sent it galloping across the desert on a Stratocaster". Com enormes influências R&B, Soul e Heavy metal/Hard Rock, sim, este álbum é 97% made in USA.

  A banda mudou MUITO do primeiro ao último álbum. O aviso já tinha sido dado no “Suck It And See”, de 2011, que ~flertava~ e muito com o estilo de letra e sonoridade americanow, mas que não abria mão da originalidade característica.

Superficial, não se escutam mais as linhas de desabafo e ceticismo, mas sim extensas linhas que demonstram sentimentos vagos, sob análises ainda piores. “[..] if this feeling flows both ways..”,  algo sentido por uma minoria de aproxidamente 7 bilhões de pessoas,  é o nível do que estamos ouvindo. Não se vê mais Alex como um amigo próximo, alguém sensível e sagaz, mas sim como aqueles caras que vão em festas com camiseta polo, estampas de hockey ou de cricket, com colarinhos dourados e braços de 32cm. Não soa sincero, soa “Queens of the stone age”, que não vai te ligar no dia seguinte.

Falando neles, adivinha quem é que está muito próximo dos monkeys? Sim. Josh Homme. Inclusive, ele colaborou muito no processo criativo do álbum, tendo presença recorrente no estúdio (em LA!!!).  Provavelmente daí que vem o feeling “Badass rider on the road”, dark e hard rock/stoner rock. As semelhanças são enormes quando se compara o estilo de Do I Wanna Know com um hit qualquer do QOTSA, por exemplo  “3’s & 7’s”.
Por alguma razão, a influência dele foi muito maior nesse álbum. Quando Homme produziu o Humbug, ao menos ainda podia se dizer que eram  os Arctic Monkeys tocando.

De qualquer forma, despite essa certa hipocrisia, o feeling overrated por parte da enorme venda e promo do álbum, a superficialidade  nos principais hits da música, a aproximação com o QOTSA e a “influência” latente de certas bandas (arabella e war pigs!!! / mad sounds e here she comes now!!!/ “AM” e “VU”!!!) o álbum traz bons momentos mesmo para os fãs pré-AM. Por exemplo, em “Fireside” ou em “Knee Socks”, que tem uma levada que remete à sessões talvez interminadas do Humbug. Ou ainda, o fato do single “R U Mine” ter sido incluído no álbum, que traz à tona o feeling geral da banda em meio a época Suck It And See.

Então quando estiver bêbado e dançando o também single “Why’d You Only Call Me When You’re High”, lembre-se que este álbum não foi feito pelas mesmas pessoas que anos atrás fizeram coisas como “If You Were There, Beware”, “Despair In The Departure Lounge” ou “Red Lights Indicates Doors Are Secured”.



3 comentários:

  1. Gostei deste blog de vocês, faz lembrar um pouco do extinto Alternativa Downloads. Nem sei se chegaram a conhecê-lo antes do fechamento.

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  2. Opa, valeu. Não conhecia. Era um blog que postava os links pra download e falava a opinião ou só um/outro ?

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  3. Fazia as duas coisas; era muito bom... diversas bandas que conheço hoje foi devido a esse blog. Um dos motivos de seu fechamento, ou talvez o único motivo, foram as leis de direito autoral.

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