Real
Estate – Real Estate (2009)
Nota: 9,0/10
Eduardo Kapp
Desde 2008, quando alguns demos lo-fi estavam circulando no underground da rede, rolava uma ansiedade pelo que viria a ser o álbum de estreia do Real Estate. A banda é de New Jersey, e passou por várias fases High-School-Cover-Band-Nostalgia até começar a desenvolver um som próprio, característico.
A
maioria das músicas tem nomes relativos ao verão, ou a praia (?) (“Beach
Comber”, “Let’s Rock The Beach”, “Atlantic City”), assim como enormes jams com
uma ideia de subúrbio (também no verão, aparentemente). Mas acho que isso
limita a ideia geral do material, e também a banda, que pode vir a ser lembrada
simplesmente como ‘aquela banda que faz música lenta de praia’. Acho que a ideia
se trata mais de uma vibe ~dreamy~ e um filtro chillwave de tons surf/jangle
pop mais antigos, vide The Feelies e quem sabe Richie Allen?
Definitivamente
maior que o rótulo, dá sim pra ouvir em inúmeros momentos/lugares, mesmo que
não se esteja entre dezembro/março.
A
faixa de abertura, “Beach Comber” é decente, com um riff memorável e um ritmo
fácil de se gostar. Mas o que vem a definir e tornar este álbum tão único são
as próximas faixas. Se você ficou imerso em “Beach Comber”, quando chegar em
“Pool Swimmers” vai ser MUITO difícil sair da imersão. É simplesmente de outro
mundo, todos os acordes se misturam, sua mente é levada por ondas intermináveis
de acordes abertos e sons vindos de um provável Fender Twin Reverb ou algo que
o valha. Sem falar da ótima progressão. De alguma forma, todos os sons nessa
específica música conseguem se misturar sem deixarem de serem notados. O mesmo
vale pra “Suburban Dogs”. Já em profunda imersão, “Atlantic City” é provavelmente
o melhor momento do álbum. Uma 60’s-Surf-Jam reinventada, com uma linha de
baixo levando a coisa toda, afundado em reverb e tremolo.
Algo
que me surpreendeu muito foi os vocais. Existe muita sintonia entre o vocal de
Martin Courtney e guitarra de Matthew Mondaine, como se pode ver em “Fake
Blues”. Nem dá pra pensar em Real Estate sem lembrar dessa coexistência
incrivelmente harmônica, algo que
permaneceu característico da banda, reaparecendo nos próximos álbuns. De alguma forma, essa
sintonia consegue manter as jams na linha, sem sair muito da ideia central das
músicas, o que deu muito certo, tornando os riffs cíclicos e ainda mais vivos/memoráveis.
Definitivamente
recomendável pra qualquer um que se interesse por chillwave ou surf, pela
incrível química e habilidade do grupo de juntar as layers e sons. Tirando algumas pequenas falhas como em “Suburban
Beverage”, que pode acabar sendo cíclica/longa demais para alguns, ou “Snow
Days” que não parece a música certa pra encerrar o álbum, é um registro
extremamente notável e ao mesmo tempo ~despreocupado~.
Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=GY0EZBtZFEM
Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=GY0EZBtZFEM
Conhecia apenas o último deles, que por sinal é um ótimo disco. Vou procurar ouvir esse também.
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