16 maio, 2014

Real Estate – Real Estate (2009)

Nota: 9,0/10



Eduardo Kapp






Desde 2008, quando alguns demos lo-fi  estavam circulando no underground da rede, rolava uma ansiedade pelo que viria a ser o álbum de estreia do Real Estate. A banda é de New Jersey, e passou por várias fases High-School-Cover-Band-Nostalgia  até começar a desenvolver um som próprio, característico.

A maioria das músicas tem nomes relativos ao verão, ou a praia (?) (“Beach Comber”, “Let’s Rock The Beach”, “Atlantic City”), assim como enormes jams com uma ideia de subúrbio (também no verão, aparentemente). Mas acho que isso limita a ideia geral do material, e também a banda, que pode vir a ser lembrada simplesmente como ‘aquela banda que faz música lenta de praia’. Acho que a ideia se trata mais de uma vibe ~dreamy~ e um filtro chillwave de tons surf/jangle pop mais antigos, vide The Feelies e quem sabe Richie Allen? 

Definitivamente maior que o rótulo, dá sim pra ouvir em inúmeros momentos/lugares, mesmo que não se esteja entre dezembro/março.

A faixa de abertura, “Beach Comber” é decente, com um riff memorável e um ritmo fácil de se gostar. Mas o que vem a definir e tornar este álbum tão único são as próximas faixas. Se você ficou imerso em “Beach Comber”, quando chegar em “Pool Swimmers” vai ser MUITO difícil sair da imersão. É simplesmente de outro mundo, todos os acordes se misturam, sua mente é levada por ondas intermináveis de acordes abertos e sons vindos de um provável Fender Twin Reverb ou algo que o valha. Sem falar da ótima progressão. De alguma forma, todos os sons nessa específica música conseguem se misturar sem deixarem de serem notados. O mesmo vale pra “Suburban Dogs”. Já em profunda imersão, “Atlantic City” é provavelmente o melhor momento do álbum. Uma 60’s-Surf-Jam reinventada, com uma linha de baixo levando a coisa toda, afundado em reverb e tremolo.

Algo que me surpreendeu muito foi os vocais. Existe muita sintonia entre o vocal de Martin Courtney e guitarra de Matthew Mondaine, como se pode ver em “Fake Blues”. Nem dá pra pensar em Real Estate sem lembrar dessa coexistência incrivelmente harmônica,  algo que permaneceu característico da banda, reaparecendo  nos próximos álbuns. De alguma forma, essa sintonia consegue manter as jams na linha, sem sair muito da ideia central das músicas, o que deu muito certo, tornando os riffs cíclicos e ainda mais vivos/memoráveis.

Definitivamente recomendável pra qualquer um que se interesse por chillwave ou surf, pela incrível química e habilidade do grupo de juntar as layers e sons. Tirando algumas pequenas falhas como em “Suburban Beverage”, que pode acabar sendo cíclica/longa demais para alguns, ou “Snow Days” que não parece a música certa pra encerrar o álbum, é um registro extremamente notável e ao mesmo tempo ~despreocupado~.

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=GY0EZBtZFEM

Um comentário:

  1. Conhecia apenas o último deles, que por sinal é um ótimo disco. Vou procurar ouvir esse também.

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