15 agosto, 2014

Pública - Como num filme sem um fim (2009)

nota: 7,7 






Matheus Donay





Você pode não conhecer a Pública mas provavelmente já ouviu Long-Plays, carro chefe do Polaris, o primeiro disco. A Pública é mais uma daquelas bandas puerto-alegrenses que a gente mostra aqui. Fugindo um pouco do estilo beat que marcou a sonoridade de bandas gaúchas, o som característico se assemelha a algo mais suave e limpo.

Como num filme sem um fim é um salto muito grande em relação ao primeiro disco. Produzido por Marcelo Fruet, o trabalho foi de extremo cuidado, a ponto de que o material das paredes das salas de gravação (seja tijolo, massa corrida, etc) desses novos rumos às canções. Efeitos naturais do ambiente.

Umas das grandes sacadas do disco foi a perfeita harmonia entre os teclados e as guitarras. Sempre leves, combinados e dançando um com o outro. Com umas teclas meio Stonizadas, meio Let it Bleed, há o complemento com instrumentos de cordas e sopros, o que torna o trabalho finíssimo, do modo em que foram explorados.

Neste filme sem fim da Pública, o catarse é recorrente. Cenas sentimentais e letras carregadas de valor emocional difundem-se em todos os campos. É um filme com cheio de saudades, de nostalgias familiares, de amigos, de momentos vividos. Músicas como "1996" e "Sessão da Tarde" retratam bem esse panorama.

Dentre as influências, podemos destacar as mesmas desde o seu primeiro álbum: um pouco de britpop, indie e rock alternativo, fugindo um pouco da regra do folk/rock sessentista da maioria das bandas gaúchas. Um exemplo evidente dessas raízes é a semelhança da música 1996 com Lovesong, do The Cure.

A banda participaria de um DVD do Internacional, junto com Carlinhos da Bidê ou Balde. Nesse tempo, foi criada a música "Casa Colorada". Por razões burocráticas, a participação acabou não acontecendo e assim surgia um dos destaques do disco: Casa Abandonada. Aí sim, com letras modificadas e um pouco mais de trabalho no instrumental, a música foi parar no VMB 2009 nos melhores clipes.

Mesmo sendo um disco de alternância de sentimentos, você pode ouvi-lo e ficar anestesiado, feliz e confortável com a melancolia sonora. É um retrato fiel daquela imagem símbolo do drama: uma máscara feliz ao lado de uma triste. Deveras, um filme agradável.

Onde ouvir: https://soundcloud.com/publica

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