19 agosto, 2014

O Terno - O Terno (2014)

nota: 7,3






Matheus Donay





Esta é uma resenha sobre um disco de uma das bandas da nova geração do rock nacional. É de lá da terra dos Mutantes, do país dos baurets, também conhecida como São Paulo. Situando-nos: uma banda com o nome de O Terno, que lança seu primeiro disco com o nome de "66", não pode te deixar com outra expectativa a não ser uma banda de rock sessentista, inspirada nos grupos de maior sucesso da época. Exato. O primeiro álbum foi uma surpresa, pois impulsionou a banda que até então era de colégio a aparecer entre as boas novidades do underground, afinal não é todo mundo que lança um álbum 'retrô' e é bem recebido.

Nesse meio tempo entre o 66 e o novo álbum, foi lançada uma prova do que estava por vir: o compacto Tic Tac/Harmonium. Claro, além do cover de O Trem Azul aos moldes Tame Impala. As novas canções apresentadas já eram resultado da nova fase: as influências de 50 anos atrás tornaram-se em boa parte contemporâneas, numa escala do já citado Tame Impala a Mac deMarco. 

O Terno trás consigo uma novidade: um disco 100% autoral. O primeiro possuía a primeira metade própria e a segunda de regravações de músicas de Maurício Pereira, músico e pai do Tim Bernardes (vocalista e principal compositor). O que ficou de herança foram as letras irreverentes, de temas rotineiros, suavemente amorosos, adolescentes e por ora um pouco tristes. 

Musicalmente falando, o que pode ser considerado como um ponto fraco é a semelhança entre as canções, o que pode lhe deixar um pouco cansado ao ouvir de cabo a rabo. Algumas músicas se salvam, outras são figurinhas quase que repetidas. Músicas como "Cinza" e "Vanguarda" são exemplos disso, além de serem um resumo do disco: alternância de altos e baixos. Ápices eufóricos e momentos de calmaria. Esses momentos são decodificados em guitarras de batida leves e secas ou de distorções barulhentas, ilustração da manhã cinzenta paulistana.

Dentre as boas canções estão "Bote ao contrário", uma visita aos sintetizadores Jupiterianos ao melhor estilo do álbum "Uma tarde na fruteira". Lembram muito os sintetizadores do Astronauta Pinguim. Também destaca-se a música "Eu confesso" (divertida declaração às moças indie-hippies-retrô-brasileiras) e a balada "Eu vou ter saudades". O disco ainda tem a relação mutual com a participação do Tom Zé e Pedro Pelotas (tecladista da Cachorro Grande).

O Terno é um álbum jovem, com pegada e serenidade. Assim como o 66, não traz nada de novo, mas não pode ser considerado como algo pejorativo, uma vez que a banda sabe adaptar suas influências à sua maneira. Os próprios músicos sabem disso. Parafraseando um dos seus maiores sucessos: "me diz meu deus o que é que eu vou cantar / se até cantar sobre 'me diz meu deus o que que é que eu vou cantar' já foi cantado por alguém / e além do mais tudo que é novo hoje em dia falam mal?". 

Onde ouvir: http://www.oterno.com.br/

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