31 agosto, 2014

MGMT - MGMT (2013)

Nota: 8,8






Eduardo Kapp






Ok. Pra começar a falar desse disco, é inevitável a necessidade de lembrar dos discos anteriores, Congratulations e Oracular Spectacular. Digo, quando tu vê aquela pessoa meio aleatória da vida que curte a página do MGMT no facebook, será que ela gosta de "Someone's Missing" ou de "Time to Pretend"? Não que uma seja absurdamente superior a outra ou qualquer coisa assim, mas o apelo pop da maioria das músicas do Oracular é indiscutível. É lá que estão as músicas mais conhecidas e essa ideia de que MGMT é puramente ~música de festa~ e etc etc.

E, bom, em várias entrevistas, tanto o Andrew quanto o Ben dizem que o tal do primeiro álbum (e o primeiro EP também) foi uma grande "piada". Simplesmente pela ~zuera~ de forçar melodias e progressões pop. É claro que tem muito do estilo real deles ali, não tem como fazer algo relativamente sério ser 100% uma piada (Frank Zappa não concorda). Mas a piada não durou muito, com o lançamento do "Congratulations", um disco excepcional, com muita experimentação e aproximação pop na medida certa, onde eles não estavam mais "fingindo" e sim mostrando todas as suas reais influências. Uma vez "libertos" e fazendo música "séria", o mais novo álbum "MGMT" foi uma consequência natural.

Foi como se separassem cada sessão de "Siberian Breaks" pra fazer um novo disco. Foi como se resgatassem um pouco do humor do Oracular, pra dizer pra todo mundo que sua vida é uma mentira, até dando esperança que o álbum seria pop de novo, como o primeiro single foi. Foi como se a banda tivesse voltado pro cenário do clipe de "Electric Feel" e realmente vivido a experiência da ida pra lua numa motocicleta. Foi como se alguém misturasse todo o conceito de explorar uma densa floresta tropical com a ideia de ir pra outros planetas. Foi como se o Faine Jade tivesse rejuvenescido e assumido o lugar do Andrew na banda, fazendo um cover de si mesmo em "Introspection" (é bizarro eles realmente cantam parecido).

Aqui os synths aparecem mais que as guitarras, sem falar de sons estranhos em forma de sample. Barulhos que lembram a fase das trilhas sonoras que o Pink Floyd fazia. As baterias assustadoras de "Mistery Disease". As flautas e sei lá, "sons" de "I love you too, Death" (que nome bizarro), seguidas pelo ritmo hipnotizante que segue da metade da música em diante, enquanto Andrew sussurra coisas como "But in the red dirt muddy towns // Celebration of the dark". 

Experimentação sem nenhum limite, com músicas bastante confusas fazendo sentido de alguma maneira inexplicável. "Good Sadness" e "Astro-Mancy" não são fáceis pra qualquer um "digerir" em pouco tempo. Essa confusão toda dá uma ideia de que esse é um álbum de transição. Afinal, tem vários elementos do Congratulations, até alguns do Oracular, mas com muita coisa nova, embriônica. Dá até pra ver essa transição da metade do disco ("Your life is a lie") em diante: inclusive voltando ao conceito de quebra de expectativa que o single propõe.

Confuso ou não, é um disco muito mais elaborado que qualquer um dos anteriores. Muito mais ambicioso e inovador. É como se só agora o MGMT estivesse se "descobrindo", sem compromissos com vendas ou algo que o valha. Vanguarda. Abrindo caminho. Preparando o terreno pro próximo disco, que se tudo sair como o esperado, pode ser o melhor até então.



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