06 agosto, 2014

Richie Allen And The Pacific Surfers - The Rising Surf (1963)

Nota: 8,4







Eduardo Kapp




1962/1963. California. Richard Podolor, ou Richie Allen, era um engenheiro de som (mais especificamente de gravação), produtor e guitarrista. Envolvido em atos importantes da época (Steppenwolf, Electric Prunes), o cara definitivamente tinha contatos e experiência com estúdios e etc. Provavelmente assim que formou uma espécie de projeto de estúdio, com músicos de sessão (aqueles caras que eram contratados pra ajudar na gravação de álbuns, mas não faziam parte das bandas que estavam gravando etc) de L.A.

Chamados Richie Allen And The Pacific Surfers, o gênero musical fica bem claro, certo? Eu diria que: nem tanto. Diferente de outros grupos conterrâneos e contemporâneos, como The Astronauts, The Rivieras ou até os Ventures, que faziam principalmente covers (das mesmas músicas) e não eram lá muito diferentes entre si, Richie Allen tem uma autenticidade incrível.

Músicas originais, mais complexas, com uma aproximação não tão pop (algumas exceções), fugindo das escalas mais "clássicas" do gênero. "Undercurrent", "The Rising Surf", "Foot Stomp U.S.A." e principalmente "The Quiet Surf" mostram que o real interesse aqui não era colocar multidões pra dançar e sim investir na sonoridade do gênero, desenvolver ainda mais. Passos como esse é que fizeram com que o Surf fosse tão importante pra sub-gêneros que viriam depois, como se percebe até hoje.

Os sons aqui tem muito groove, muito feeling e realmente te fazem sentir numa praia deserta, mas não daquela maneira sonhada, paradisíaca, e sim de um jeito que te deixa alienado, solitário e imerso em pensamentos. Bastaaante uso de tremolo, reverb, quase um dreampop sem sintetizadores. É realmente absurdo como as músicas fazem muito sentido entre si, e como isso cria momentos variados ao longo do disco. São várias experiências, desde a lenta e épica "Rumble" até algo mais frenético como "Surfer's Delight". Característico do gênero.

Não dá pra deixar também de falar sobre a produção, que comparada a maioria dos lançamentos da época, é muito superior. Muito bem gravado e mixado, mesmo sendo mono e tudo. Digo, sendo um grupo pequeno com uma gravadora nem tão grande (Imperial), é algo que não se esperaria de um material como esse.

Bastante trabalho instrumental, sendo "Skeg-Along-Pete" a única música com vocais, onde é contada a história desse tal Pete, que era o fodão das pranchas (?). A dúvida persiste, mas acho que isso foi uma espécie de crítica justamente as outras bandas contemporâneas, que na maioria de suas músicas tinham exatamente a mesma temática nonsense. Ou talvez seja só uma música idiota mesmo.

No geral, é um trabalho notório, raro e inovador. Uma influência enorme durante muitos anos e também um dos primeiros lançamentos que se afastou da ideia de surf como algo dance. Não que o surf dance seja algo ruim, mas quando essa linha do gênero é mais apegada ao rockabilly e estilos parecidos, se afastar dela é consolidar o surf como algo mais independente.

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=q9OvfoYSqDo (parte 1)
                 https://www.youtube.com/watch?v=c28cQB2A-fE  (parte 2)

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