12 março, 2015

Graforreia Xilarmônica - Coisa de Louco II (1995)









Matheus Donay




Segundo os dicionários virtuais web a fora,

Graforreianecessidade exagerada e doentia de escrever / XilarmônicoInstrumento músico, semelhante ao eufônio, espécie de marimbas, com lâminas de madeira.

O que esperar de um grupo que, segundo a mitologia de internet, chutou duas palavras em páginas aleatórias de dicionário para formar nome de banda?

Tudo e nada - ao mesmo tempo.

O nome 'Coisa de Louco II' indicaria, obviamente, que trata-se do segundo disco da banda. E aí já se nota um pouco dos descompromissos da Graforreia com  padrões, Coisa de Louco II é o primeiro álbum. Ok, ok, a banda havia lançado em 88 a tape Com Amor, Muito Carinho que trazia várias canções que seriam lançadas posteriormente, mas com uma qualidade horrível na gravação, cheia de barulhos e ruídos e desafinações, ainda que eu acredite que foi de propósito. 

Todas composições são do Frank Jorge (ex-cascavelletes) e muitas delas em parceria com Marcelo Birk, e de longe é o ponto mais peculiar da Graforreia como banda e especialmente nesse álbum são as letras. Uma mão dupla de "humorização das coisas sérias" e "seriedade das coisas humoradas". Pra tirar a prova real vale dar uma olhada nas canções Literatura Brasileira, Patê e Rancho. Letras bizarras de situações cotidianas como ~crianças indo pra aula contrariadas pois queriam ver desenhos animados~ quem nunca?

O álbum se difundiu razoavelmente, clipes chegaram em mídias importantes como a MTV, a música Nunca Diga ganhou interpretações de grupos de renome nacional como Pato Fu e Los Hermanos, e ainda traz consigo a música -até hoje popular and why not um dos maiores clássico do RS- Amigo Punk. Porém, né, é bem provável que um disco com DEZOITO músicas se deixe escapar muita coisa. Curiosidade é que só 3 músicas passam dos 3 minutos. 

Jovem-guardista, a Graforreia se mostrava uma banda que independente de idade mantinha-se jovem. Nas letras, nos arranjos, nos chucrismo e na irreverência. Nos acordes, isso se mostra como algo que me instiga: será que os caras anarquizaram a coisa pelo espírito do "que se danem os padrões músicais" ou pela formação musical deles. No caso, guitarras que soam meio ~enferrujadas~ e até desafinadas. Um contraste harmonioso ou desarmonioso de instrumentos, aí cabe a você que está ouvindo julgar. A mim cabe dizer que as linhas de baixo são demais, independentes, não se preocupam em fazer marcação e cantam alto, sem falar da complexidade.

Coisa de Louco II certamente não é um álbum simpático a qualquer ouvido. Mas pra quem ousa tentar entender a coisa toda, entrar no clima dos caras e se deixar levar, é forte a chance da apreciação. Hilário, debochado e quase que um apanhado de crônicas, coisa de louco!

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=2rNIdasmM9w


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