22 abril, 2015

Tyler, The Creator - Cherry Bomb (2015)

Nota: 7,6







Eduardo Kapp




If you're reading this, it's too late. A essa altura, noise, jazz, fusion e funk já chegaram em praticamente todos os lançamentos hip-hop/rap relevantes dos últimos tempos. Provavelmente vou me arrepender por dizer que essa seria uma "tendência" atual. Deve ser. Yeezus, The Money Store, Cosmogramma são só alguns exemplos (entre os grandes) recentes.

Sem arreganho. Guitarras, distorção generalizada, agressividade, nonsense e uma rebeldia (relativa) tipicamente tyleriana. Sei lá, tira um pouco das piadas e joga o "Wolf" num acelerador de partículas. Aproveite uma piscina que tá dentro dum caminhão em alta velocidade desgovernado. Tá, nem tanto. O disco começa mostrando muito mais complexidade instrumental do que qualquer coisa anterior. "Buffalo" é inesperada do início ao fim, um dos melhores exemplos disso.

A deliciosa "Find Your Wings" é, no entanto, uma das maiores armadilhas desse disco. Te embala com todo aquele fusion, soul, os corais todos e esses metidos que tocam piano muito bem. Não se engane. A próxima track é a mais barulhenta d(ess)a história. Começa parecendo uma espécie de Interstellar Overdrive e logo explode numa batida espumando de raiva, Tyler cantando completamente submerso, isso quando dá pra ouvir alguma coisa da voz do cara. Tie the know // kick the chair // float in the air // it's cherry bomb! Pensa numa letra que não faz o menor sentido. Pense até em sintetizadores distorcidos. Tyler não é nenhum Death Grips, mas fez a coisa soar suficientemente estranha.

Embora tenha esses momentos ultra-noise-doidera tem muito groove espalhado pelo álbum. Desde "Blow my Load" até o single "Fucking Young", dá pra ver até umas influências 90's. Na verdade tem tanta influência diferente, é difícil distinguir algumas coisas. E em outros momentos fica simplesmente.. fácil demais. É, fácil demais. Tyler sendo Tyler, versos homofóbicos como piada versos nonsense como novidade golfwang-wolfgang como novidade e "I don't like to follow the rules // that's just who I am" soa como uma piada. As vezes a experiência sonora é muito ligada à imagem que criamos em nosso subconsciente, e não sei vocês, mas eu costumo pensar nesse Tyler.

Não que ele não possa ser levado a sério, mas é como aquela pessoa que tá sempre fazendo uma horinha com todo mundo, tudo acaba soando como a droga de uma piada. E eu já falei do Kanye em "Smuckers" ? A música é um estouro, no duro, uma das minhas favoritas desse disco. A questão é que ele também soa um bocado engraçado, só pela imagem dele.

Essa complexidade nova chega a assustar (num bom sentido!), acho que só falta um pouco de visão de jogo e né, algum amadurecimento nos versos. As coisas acabam se compensando, a verdade é que esse álbum acaba sendo bastante hipnótico depois de algum tempo.

Onde ouvir: https://www.youtube.com/watch?v=KAb30SO1iw4

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