02 outubro, 2014

Frabin - Selfish (2014)

Nota: 7,4






Eduardo Kapp





Frabin, antes de mais nada, representa um momento e um lugar na cultura da juventude atual. Procura identificação musical tanto no passado quanto no presente e (clichê é uma merda) inclusive no futuro. Representa uma juventude que, na era das internets, não tem limites pra ouvir seja lá o que for. Tem gente que prefere o Proto-Punk do fim dos anos 60, tem gente que adora o jazz-avant-garde-reinventado dos anos 80, ou quem sabe as odisséias prog dos anos 70. Ou ainda: todos os anteriores.

Enfim. Rola muito mais acesso a música, tanto no mainstream quanto no underground, tanto o lançamento da semana passada quanto a versão raríssima do disco de 58', possibilitando ouvir tanto o artista, quanto suas influências, seus projetos solo, etc etc etc. E isso: te deixa, ao mesmo tempo, maravilhado e confuso.

E é nesse contexto que nasce o primeiro lançamento solo de Frabin, aka Victor Fabri, que é ali de Floripa. Quase que totalmente produzido/gravado por conta própria, esse é o seu "Selfish". "N" influências aqui, combinando com uma boa coerência um som bastante eclético. Mais do que isso, uma tendência um pouco mais específica: uma mistura de lo-fi, surf, neo-psychedelia e dream pop.

Logo de início, uma experiência mesmerizing com fuzz-phasers, layers de synths mergulhadas em reverb, guitarras que lembram um WU-LYF mais calmo e mais sombrio. Falamos de "Gone Away", que procura seu lugar, vaga por vários feelings diferentes em seus 4 minutos e meio de cores e ondas. Mas a coisa toda começa a ficar muito mais interessante e ganhando uma perspectiva maior em "The Tide".

Aqui, mesmo seguindo uma fórmula sonora parecida com a da faixa anterior, a coesão é muito maior. Os vocais ganham importância na hora certa, a batida seca e marcada, as guitarras que transportam pro homônimo da Melody. E o melhor: ao mesmo tempo que no início tudo é marcado e cada coisa em seu lugar, da metade em diante, o povo pega as armas e faz a revolução. Bam, tudo girando em direções diferentes! A mente se confunde com o ar. Hipnotizante.

Daí em diante, por alguns minutos, Frabin segue menos pretensioso e mais reflexivo, baixando a guarda momentaneamente. Não prende tanto a atenção, parece um pouco mais fora do lugar, falta alguma coisa pro som respirar. Ou seja, em "Abstract Mind", os mesmos erros de "Gone Away" se repetem. Contando ainda com uma espécie de quase-balada que mais parece o Real Estate com efeitos e, de novo, mais sombrio (e não vejo como isso pode ser ruim). Muito do disco tem essa temática, tanto na letra (eu já disse que é em inglês?) quanto na sonoridade.

Mas, talvez, o que deixe tudo no saldo positivo e faça valher ir até o fim deste EP é "Imagination". Eu diria que é aí que a tão almejada identidade musical aka estilo próprio é alcançada. É uma faísca de algo novo,  querendo aparecer. 7 minutos que não falham em prender a atenção por sequer um mero instante. Geneal. A prova definitiva de que este é um EP que vale a pena ouvir e aguardar por um futuro lançamento, quem sabe? De Floripa pras galáxia: "Selfish".

Onde Ouvir: http://frabin.bandcamp.com/releases

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